Perguntas e respostas sobre TDAH.


1) Meu filho teve diagnóstico de TDAH, feito por médico; tem atendimento psicológico, aulas particulares com psicopedagoga, está na 6ª série e usa Ritalina. Quando chega o final do ano, ele sabe que vai ser reprovado, porque sabe do seu aprendizado. O que você acha da aprovação ou reprovação do meu filho?
TZ – Você está fazendo o quer deve ser feito em tais casos. O tratamento do TDAH deve ser sempre múltiplo: médico, psicológico, psicopedagógico e afetivo. No entanto, a pergunta não menciona a idade da criança - imagino que esteja em torno de entre 12/14 anos. Também não é referido o tempo de tratamento. Com tão poucos dados, só o que posso afirmar é que os resultados são demorados, dependendo inclusive do tempo de escolaridade que ele tinha quando o diagnóstico foi feito. Quanto mais cedo, maiores chances de bons resultados em menor tempo; quanto mais tarde maiores, podem já ter sido já os danos relacionados à aprendizagem. Portanto, o que se deve fazer é persistir no tratamento, que é de longo prazo. Por outro lado, as condições do aluno para fins de aprovação ou não dependem dos objetivos que a escola traçou. Não há possibilidade de um aluno ser aprovado sem atingir o mínimo de objetivos estipulados para aquela série ou disciplina – sob a alegação de ser ele portador de TDAH. O transtorno não afeta a inteligência, mas sim a capacidade de responder adequadamente aos estímulos. Seria injusto dar tratamento desigual aos alunos, poderia gerar revolta ou outros problemas sérios para ele e/ou os colegas. Por outro lado, é importante conversar na escola sobre o problema do seu filho – se é que ainda não o fez - o ideal é que a escola esteja a par do problema para a ele se associar na tentativa de recuperar o aluno.
2) Meu sobrinho tem TDAH, mas é excelente no computador e joguinhos, mas o pai vendeu o computador porque o menino ficava muito tempo e a conta de telefone ficou altíssima. O menino piorou muito na escola e no geral, a partir daí. Se o pai tivesse deixado o computador, ele não teria melhorado?
TZ – Provavelmente sim, mas é impossível afirmar com total certeza. O que já se sabe é que a TDAH não é um problema de inteligência, mas que pode trazer como conseqüência problemas na aprendizagem (30% dos portadores de TDAH têm também problemas de aprendizagem). O tratamento psicopedagógico e psicológico que tem oferecido melhores resultados nesses casos utilizam métodos cognitivo-comportamentais. E nesse trabalho o incentivo a cada pequeno progresso é fundamental; fazer a criança acreditar em si e vencer pequenas etapas a cada dia é essencial; portanto, posso crer que se o pai tivesse tido uma atitude mais racional, poderia ter dosado o uso do computador de forma mais inteligente e utilizado, por exemplo, como um prêmio (já que o menino tanto gosta) a cada vitória ou comportamento adequado que o filho fizesse, por exemplo, nas tarefas escolares.
3) Qual a diferença entre TDA e H?
TZ - TDA é a sigla para “transtorno do déficit de atenção” e H, a inicial de hiperatividade. TDA/H quer dizer, portanto, transtorno do déficit da atenção/hiperatividade. Alguns usam também TDAH-I, transtorno do déficit de atenção/hiperatividade/impulsividade. São os tipos mais comuns do transtorno, como vimos na palestra.
4) Além dos testes de observação há exame “biológico”, de sangue, por exemplo?
TZ – Os médicos costumam usar o eletroencefalograma. De sangue, não tenho conhecimento. A observação, no entanto, ainda é o mais importante.
5) O TDAH pode ser confundido com outras doenças?
TZ - Sim. Autismo, depressão infantil, ansiedade, hipertireoidismo, dislexia, transtornos de aprendizagem, deficiência auditiva, epilepsia, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno bipolar ou mania e inquietação típica da idade.
6) Existe hiperatividade apenas mental, isto é, excesso e diversidade do pensamentos desfocados do assunto de aula, porém com comportamento adequado em classe?
TZ - Talvez essa criança tenha TDA (transtorno do déficit de atenção) do tipo “desatento” . em todo caso não deixe de observar se ela apresenta tal atitude em todas as aulas e em pelo menos mais um ambiente (sua casa, por exemplo).
7) A criança prematura, nascida sem sofrimento fetal, tem mais possibilidade de ter a síndrome?
TZ - trata-se de um transtorno neurobiológico, portanto pode acometer qualquer pessoa. Pessoalmente não conheço nenhum estudo que fale de uma maior incidência em prematuros.
8) Problemas familiares podem causar hiperatividade ?
TZ - Ainda não se tem certeza absoluta quanto às causas do TDAH. O que se tem hoje é uma série de estudos que apontam em algumas direções. Uma delas seria “problemas de desajustes familiares”; mas volto a lembrar que em geral são várias as causas que, agindo em conjunto podem determinar o aparecimento do transtorno, mas claro naquelas crianças que tenham “possibilidade” de desenvolver a doença.
9) O psicopedagogo sozinho tem condições de trabalhar a criança com TDAH com bons resultados?
TZ - Os estudos apontam a necessidade de se trabalhar em várias frentes, como foi abordado na minha palestra -ações conjuntas da família, professores, psicopedagogo e médico ou psicólogo -, para que se obtenha melhores resultados.
10) Qual a atitude adequada do professor: se ele não der importância a falta de limites da criança com TDAH, como ficarão as demais?TZ - Não se trata de não dar importância, mas de agir de forma efetiva e vindo ao encontro das necessidades dessa criança. Nesses casos o professor deve entre outras coisas dar-lhe atenção especial, colocando-as sempre próximas a ele em sala; programar tarefas específicas, com níveis pequenos de dificuldades crescentes, sempre dentro das possibilidades do aluno; incentivar cada pequeno progresso ou acerto; apresentar tarefas que possam ser executadas em pouco tempo; acompanhar o mais possível a execução, e ir dando pequenos incentivos (estímulos positivos) a cada acerto (comportamental e cognitivo) são algumas das sugestões.
11) Se a família e a escola estão sendo orientadas a trabalhar de forma “pavloviana”, onde a criança vai trabalhar os conflitos emocionais acarretados pelo distúrbio?TZ - Como explicitei na palestra, o tratamento deve ser multidisciplinar, o que significa que tanto o psicólogo/psiquiatra pode utilizar a metodologia que julgar mais adequada. No entanto, os estudos científicos têm demonstrado que a criança responde melhor quando se utilizam métodos cognitivo-comportamentais, que estão muito mais para Skinner (condicionamento operante) do que para Pavlov (condicionamento clássico).
12) Uma criança com TDAH desde pequena pode aprender sozinha informática e ser “fera” aos 14 anos, tendo sido expulsa da várias escolas em toda sua vida escolar?
TZ - O TDAH não é um problema de aprendizagem, mas sim de realização. Quer dizer, a criança tem inteligência normal, pode aprender qualquer coisa, especialmente se estiver motivada e bem conduzida.
13) O que fazer se nós na escola alertamos a família para o problema e a família diz que a criança não tem nada, é só um pouco de agitação, é esperta, inteligente, etc.?
TZ - O diagnóstico tem que ser feito não apenas na escola, mas pelo menos em dois ambientes, nos quais a criança deve ser observada durante pelo menos 6 a 8 semanas, seguindo fichas de observação como as que apresentei na conferência. Portanto, se há discordância, é preciso rever – de ambos os lados – essa observação. Quanto ao que a família afirma, de fato, crianças com TDAH têm inteligência normal, são espertas e agitadas. Não se trata de uma “briga” entre família e escola, mas sim de fazer a observação de forma eficiente, para que o diagnóstico possa ser de fato seguro. Aconselho novo contato com os pais e uma proposta de nova observação em que ambas as partes utilizem fichas de acompanhamento iguais, pelo prazo de mais 4 semanas, quando nova reunião deverá ser feita, para análise dos dados encontrados por ambas as partes.
14) A maneira de diagnosticar o aluno com Síndrome de Down e hiperatividade é a mesma?
TZ - Sim, os mesmos instrumentos de diagnóstico valem para crianças com ou sem síndrome de Down.
15) É mais comum na Síndrome de Down o TDAH ?
TZ - 30% das crianças com Síndrome de Down apresentam também TDAH, portanto a incidência é sim mais alta do que nas não portadoras.
TANIA ZAGURY

FONTE:http://www.taniazagury.com.br/duvidas.asp?cdc=2966

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